Nesta palestra faremos uma excursão pelas reflexões sobre a vida fora da
Terra, desde a Antiguidade até o princípio do século XXI. As considerações
sobre a vida extraterrestre acompanham o desenvolvimento da astronomia e
cosmologia. Nada mais natural do que se perguntar se a vida não estaria
presente nos céus que se tornam cada vez mais intricados à medida que a
humanidade os observa. “O que, quem habita os céus?” Daí também o tema da
viagem realizada pelos homens aos confins cósmicos. E as visitas desde
aqueles cantos remotos... Um tema abordado pelo mito assim como pela
filosofia dos epicuristas e estóicos. A viagem extraterrestre vira fábula
moral no “Sonho de Cipião” de Cícero. Por toda a Antiguidade tardia e Idade
Média, a idéia da pluralidade dos mundos, e mundos com vida, exercia um
grande apelo sobre a mente humana. Essas concepções estavam presentes na
época da revolução galileana. Se existe vida fora da Terra permaneceu uma
questão sempre à espreita mas extremamente arredia durante os séculos de
ciência desde então. A dificuldade tornou-se ceticismo no meio do século
XX. A partir da década de 1970, graças à exploração espacial, a descoberta
da imensa diversidade de ambientes no Sistema Solar reverte essa disforia.
A astrobiologia, o estudo na vida no contexto cósmico, consolida-se no
final do século XX, com a maturação das pesquisas sobre exoplanetas,
extremófilos, as origens da vida e a evolução das biosferas. No início do
século XXI, ela parece entrar em uma “idade de ouro”, impulsionando um
empreendimento transdisciplinar que envolve uma vastidão de ciências, com
profundo impacto sobre a nossa visão do mundo.