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Superando a “vagina-escola”: inovações científicas e éticas no ensino da saúde das mulheres no século 21

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Publicado em Mon Jun 01 11:53:37 GMT-03:00 2015
Formatos:  MP4 (640 X 360 px)
Responsáveis:  Carmen Simone Grilo Diniz
Produção:  Adilson Manoel Godoy

O primeiro de uma série de encontros que acontecerão ao longo do ano será dedicado a debater o ensino na área da saúde, especificamente de saúde das mulheres, e suas interações com os aspectos éticos, legais e científicos. Profissionais das mais diversas áreas comentarão o caso de Mary Dias, que foi vítima de violência obstétrica no Hospital Universitário da USP. Ela mesma narrará sua experiência, seguida de uma rodada de comentários interpretativos do caso. Na sequência, outra mesa debaterá propostas para superar esse modelo em que o corpo das mulheres é transformado em objeto para ensino de procedimentos.
Em audiência promovida em 2014 pelo Ministério Público Federal, a estudante Mary Dias relatou ter sido submetida desnecessariamente a um procedimento invasivo conhecido como episiotomia. Sem seu conhecimento ou consentimento, dois futuros médicos foram incentivados por seu preceptor a cortar a vulva e a vagina da moça, cada qual de um lado, para que pudessem treinar o procedimento, bastante comum nos partos vaginais no Brasil, mas de eficácia questionável.
Tal relato constitui o ponto de partida para a reflexão sobre o desalinhamento entre ciência e ética no ensino em saúde das mulheres na atualidade, cenário que exige mudanças e inovações em quatro dimensões:
• na incorporação e no ensino de evidências científicas sobre as intervenções no parto, inclusive na promoção da integridade genital;
• no ensino da relação médico-paciente, incluindo o direito à autonomia e à escolha informada;
• no ensino prático de intervenções, inclusive cirúrgicas, de modo a regular o uso do corpo dos pacientes como material de ensino (“procedimentos didáticos”);
• na identificação e na responsabilização (accountability) dos “abusos consensuais”.
O debate faz parte da disciplina “Gênero, Raça/Etnia, Sexualidades e Saúde Pública”, do curso de Bacharelado em Saúde Pública, e integra a agenda de eventos do Grupo de Estudos Gênero, Evidências, Maternidade e Saúde, do Departamento de Saúde Materno-infantil da Faculdade de Saúde Pública (FSP/USP).